A pior temporada da série. E o foda é que estes 12 episódios tinham de tudo para serem os melhores do show até então, já que começamos a season 5 com Dexter viúvo e tendo que cuidar sozinhos de três filhos. Além disso, nosso serial killer também entra no radar de Quinn, que estranha a reação fria do herói diante do assassinato brutal da esposa e acredita que foi Dexter quem matou Rita.
Justiça seja feita, os três primeiros episódios da quinta temporada foram maravilhosos. O primeiro, “My Bad”, foi para mim o mais triste de toda a série da Showtime. O choque de ver Rita morta na banheira, Dexter atônito diante do crime e se sentindo culpado, a angústia de Deb pela falta de reação do irmão, o momento em que as crianças ficam sabendo da morte da mãe, o momento em que Dexter deixa Harrison com Deb (sem ela saber que ele pretende fugir) e finalmente dá um abraço real na irmã, a tristeza dos profissionais da Miami Metro, a mentira que foi a vida de Rita (mostrada na forma de flashbacks durante o episódio) e finalmente uma das raras demonstrações de sentimento de nosso herói: ele foge com seu barco, pára em um banheiro público e, do nada, mata um homem. A fúria de Dexter é impressionante. Ele larga o metódico código e mata por gosto, por prazer. Como ele não pode se vingar de Trinity, assassino de sua esposa, desconta sua raiva no primeiro que o provoca. A forma brutal e animalesca como ele espanca o homem até a morte é de arrepiar. E a cena fica ainda mais forte quando ele desaba em gritos e choro. Michael C. Hall merecia um Emmy só por esta cena.
Depois disso Dexter vê que não pode ficar longe de sua família e volta para Miami. O começo é super interessante pela nova composição da casa de nosso herói: Ele volta para o apartamento que havia cedido à irmã quando se casou. O apê passa a ser o lar de Dexter, Debra, Harrison, Astor e Cody. E claro que isso ia gerar problemas. Então os enteados de Dex decidem viver com os avós paternos e nosso herói fica sozinho com sua irmã adotiva e Harrison.
Confesso que esperava uma aproximação maior de Deb com seu sobrinho. Acreditei que ela fosse querer ter um papel maior na vida de Harrison e, de certa forma, ocupar o posto de mãe. Fato que não aconteceu. Enquanto isso Debra começa um surpreendente namoro com Quinn. Confesso que nunca imaginei ver os dois juntos (é surpreendente e engraçada a forma como eles ficam juntos pela primeira vez). Mas enfim, eles se relacionam e Quinn, desconfiado de Dexter, começa a investigar seu cunhado escondido de Deb.
Mas passado o ótimo impacto inicial, a série cai no marasmo absoluto. Ao invés de focar na superação de Dexter e das crianças, a série manda os filhos de Rita embora e joga Harrison para uma babá e criam uma nova namorada para o serial killer. QUE ISSO GENTE? O cara acabou de ficar viúvo. A maioria dos fãs ficou chocada e triste com a perda. Eu fiquei com muita pena de Rita, não apenas pela morte brutal, mas pela vida de mentira que ela teve ao lado do marido. Aí, de repente, o cara que diz não ter sentimentos e nem se importar com relações humanas arranja uma namorada. Confesso que não gostava muito de Lila, da segunda temporada, mas comecei a amá-la quando conheci Lumen (Julia Stiles), a personagem mais sem sal de todo o show.
Lumen é uma vitima de um grupo de homens que capturam, estupram, torturam e matam mulheres. O grupinho, que ainda grava todos os crimes cometidos, é liderado por Jordan Chase (Jonny Lee Miller). Outra ressalva: O vilão é ótimo e muito bem interpretado pelo ator inglês, uma pena que os roteiristas não souberam explicar para o público a origem de tanto ódio, mas ainda assim, Jordan Chase é um dos grandes vilões da série. “TAKE IT!”. Quem não se lembra da frase marcante do vilão?
Enfim, Lumen foi a única que escapou viva de Jordan Chase graças a Dex. A partir daí os dois firmam parceria para matar todos os caras envolvidos na sequência de crimes e, claro, eles começam a namorar. Foi simplesmente ridículo ver Dexter tão patético, se entregando de verdade a um relacionamento e acreditando que poderia colocar Lumen na sua vida. Pô, a esposa do cara foi assassinada por culpa dele e ele nem espera o corpo esfriar para arranjar outra?
O arco de Dexter daí em diante é chatíssimo. E sempre que o universo de ação de Dexter é desinteressante ou fraco, quem se sobressai é Debra Morgan. Como sou muito fã da série, muitos amigos me perguntam quais são as melhores temporadas e se compensa ver a 5ª, que todo mundo critica. Eu sempre respondo que essa é a pior temporada do show, mas que compensa assistir apenas por causa de Deb.
Jennifer Carpenter rouba a cena. É incrível o desenvolvimento da atriz e da personagem em cinco anos. A intérprete está super segura e domina totalmente seu papel. Deb está mais esperta, desvenda os casos sem a ajuda de Dexter e mais rápido que seus colegas. Além de melhorar a cada dia como policial, Debra também amadurece no campo pessoal. Apesar de se envolver com Quinn, ela não é mais a garotinha ingênua que se deixou enganar por um serial killer na primeira temporada. Agora ela é mais forte, segura e bem resolvida. É muito legal assistir a um episódio do início da série e qualquer um da season 5, o crescimento da personagem é absurdo.
Com o desenrolar da história vemos Quinn desistir de investigar Dexter por conta de seu amor por Deb e Lumen concluir sua vingança matando Jordan Chase. E aí vem o momento mais decepcionante da história da série, no episódio final, “The Big One”. Debra, policial mais esperta do departamento, chega sozinha a uma casa abandonada e encontra Jordan morto em uma mesa. E atrás de uma cortina estão os assassinos, um casal de vigilantes como Deb acreditava. Debra avisa aos bandidos que está na casa e fala que entende que certas pessoas merecem morrer. Então ela deixa os dois escaparem sem se preocupar em conhecer a identidade dos matadores.
COMO ASSIM SHOWTIME? A melhor detetive de Miami, a policial mais obstinada e honesta simplesmente deixa os assassinos à solta? E o pior, ela nem ao menos puxa a cortina pra saber quem são os assassinos? Esse final não teve nenhuma lógica. Por covardia, os roteiristas mudaram a personagem do nada. A própria Jennifer Carpenter disse, em entrevista, que não gostou da cena. “Tive que reler várias vezes e conversar com os diretores e roteiristas para que eles me convencessem”, disse a atriz.
Na minha opinião, os produtores da série puxaram o freio de mão. O show é um sucesso e o lucro deve ser imenso. Se Deb descobrisse o segredo do irmão na 5ª temporada, a série teria que se encaminhar para o fim no ano seguinte. E para não acabar com a galinha dos ovos de ouro tão rápido assim, a Showtime decidiu esticar a história. Deixaram a Deb três vezes muito próxima a descobrir toda a verdade, mas em cima da hora puxaram nosso tapete, e mantiveram o segredo. A forma como a cena do último episódio foi produzida foi simplesmente ridícula. Mudaram o personagem. Debra Morgan nunca faria aquilo, a não ser por um roteirismo ridículo da emissora americana.
Eu digo para meus amigos assistirem essa temporada por conta da evolução de Deb e por conta dos sinais que ela nos deixa. Debra deixa de enxergar tudo preto e branco. Fica com o Quinn mesmo sabendo que ele poderia ter matado um cara. Começa a perceber que algumas pessoas merecem morrer. E deixa dois assassinos fugirem de uma cena de crime descoberta por ela. Esse final de temporada deixou muito claro para mim que, quando Deb descobrir que seu irmão é um serial killer, ela não vai entregá-lo. Apesar de ter ferrado com a personagem aos 45 do segundo tempo, os produtores da série nos mostraram a evolução de Deb e que ela pode, sim, perdoar e conviver com um irmão assassino.
Depois de tanta coisa ruim, pelo menos outro saldo positivo além de Deb: Lumen vai embora. Isso mesmo, ela larga Dexter no momento em que ele está todo bobão querendo apresentá-la para a família e amigos. No fim das contas, Lumen só queria mesmo o dark passanger. Ela completou sua vingança e partiu, pois só precisava do lado assassino de Dex naquele momento. Ou seja, o passageiro sombrio dela foi embora e ela não conseguiria passar a vida ao lado de um assassino.